terça-feira, 21 de maio de 2013

Vemelho e preto.

Por Vitalina de Assis.




Seu pequeno corpo era uma imensidão
a colorir o verde desbotado, ressequida sombra
vermelho e preto
sobressaindo-se,
contam sua estória

Ao ordenar do vento
impossível era ficar assim
contemplativa
um detalhe
um ponto colorido a fazer diferença
Algumas vezes
impelida de um lado a outro
suas asas transparentes e pequenas
eram absolutamente fortes para um ir e vir ...

e

embora regida pela força do  vento
fingia ser seu o movimento
Não submeteu-se nesta manhã
e sob ordens pessoais
aquietar-se foi seu mais absoluto querer
nada devia ao seu silêncio
mergulhou em um oceano sem fala
imóvel
nenhuma onda ousou quebrar-se em seu quieto
e silencioso mar.

Mergulhou em pensamentos
vermelho e preto
o beje
mesclando
um corpo intenso
asas transparentes,
finas,
recolhidas em sua imobilidade imperturbável.

Ontem voou sem destino
forçaram sua rota
sem o poder da escolha
deixou-se

entretanto 

dizia a si mesma:
Amanhã nenhum sopro a forçar
Esperou que amanhecesse sua vontade
seu desejo de ficar por ficar
ancorar no silêncio e na ausência do vento
um ponto
vermelho e preto

mesclando suavemente o beje
em outra vida
sua presença marcou.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Corroída, ainda forte.



Por Vitalina de Assis.


Falta de novidades tendem a silenciar-nos, compartilhar o quê? A mesmice  cansou-nos e permanece irredutível? Entretanto, nada é igual ao ontem e engana-se quem imagina que os dias são os mesmos, que os sentimentos se repetem e que tudo permanece no seu devido lugar. A brisa que soprou, o vento que moveu folhas secas, a chuva que aquietou a poeira e amansou sensações, não volta a soprar, não volta a mover, tampouco se reinventa. Simplesmente segue seu caminho sem   prender-se ao passado, aliás,  faz questão de cortar as amarras. Prender-se ao passado? Fazer roer em lembranças infrutíferas, a corda que pode ser meu salvo conduto para emergir de lugares sombrios? Melhor lançá-la ao futuro, prendê-la em sonhos que sairão da inércia presente.

Viver focado somente no "agora" é tolice de quem que,  como a cigarra da fábula , desejou apenar cantar e encantar-se com seu próprio mantra, ao passo que a formiga, soube usufruir do canto sem contudo cruzar braços na contemplação.  Quantas horas, dias, meses, anos,  escorrem ladeira abaixo enquanto a urgência do momento nos aprisiona em movimentos que não chegam a lugar algum? É  tempo que perde o docente que finge fechar os olhos, enquanto fingimos não colar? O tempo acha graça de nossa ingenuidade, vira o rosto e sorri  e o resultado, dirá o tempo em tempos perdidos: impossível recuperá-los. O aprender se torna efetivo na prática e tantos outros, na prática, nunca se aprende. Em meio a eles, a compreensão que se achega um dia, é martelo a ditar  sentença: Tarde demais! E nós? Nas mãos,  o fiapo de corda corroída ainda é forte, o suficiente, para prender-nos ao passado.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pura e simplesmente existir.

Por Vitalina de Assis.


Imagem desfocada,
cores que se mesclam
sentimentos confusos?
Em atento olhar
realidade
Sensibilidade que percebe o outro
e se importa.
Um sentir e o mundo troca de lugar
um amor e tudo vira cor
um toque
sentimentos que se alinham
contornos a definir o ser
existir

Sou cor
Sou flor
Sou eu

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Esvoaço.

 Por Vitalina de Assis.




Desejos que não posso conter passeiam por minha pele,
correm por minhas veias, 
e em lugares esquecidos,
pulsam
desejam repouso embora desconheçam o cansaço.  
Enlouquecem e buscam a sanidade que cumpliciar se recusa
faço amor?
Vejo o sol se pôr
entre transparentes véus  esvoaço
no sopro de desejos insubordinados
Adormeço.
A corrida desenfreada
jurou rastros apagar
pretérito intransitável?
Outro caminho
entre curvas perigosas
insinua 
incessante conquista
pelos rastros ilegítimos desejo voltar
Recomeço.