sexta-feira, 29 de março de 2013

ENXERGANDO A PÁSCOA COM UM OLHAR DIFERENCIADO.

Por Vitalina de Assis.


A Páscoa nunca deixará de trazer à nossa memória o maior e mais importante evento do Cristianismo: a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, e de quão gratos devemos ser por tamanho sacrifício, entretanto, quero caminhar por outra faceta da mesma e dialogar com você. A Páscoa foi instituída quando Israel era escravo na terra do Egito e, quando as medidas desta escravidão já não comportavam mais uma nação, clamaram por liberdade.

Tudo na vida possui uma medida e é no transbordar destas medidas, sejam elas aparentemente saudáveis, ou aparentemente enfermas é que visualizamos a possibilidade do êxodo. Deixar uma vida de escravidão para trás e se lançar para uma vida de liberdade não é fácil, tampouco confortável. Os pensamentos e atos, supostamente livres, não sabem exercer a autonomia, não foram treinados para isto e se não formos ligeiros, atar-se-ão novamente ao antigo feitor. Ciente deste comportamento nocivo à liberdade, os israelitas receberam de Deus uma orientação a ser seguida à risca, pois disto resultaria, o sucesso do êxodo.

“Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor.” (Êx.12:11)

Não entrarei em maiores detalhes, basta dizer que deveriam se alimentar de um cordeiro sem mácula por família e que não deveriam fazê-lo em festa, em uma mesa bem posta, e com tempo aprazível para degustar tal banquete. Deveriam comê-lo já preparados para “bater em retirada”, vestidos apropriadamente, sandálias em “punho”, cajado (instrumento indispensável para a grande travessia) e à “pressa”.

Ôpa! Não é a pressa a inimiga da perfeição? É o que dizem e é no que  a maioria acredita e alguns seguem pela vida entoando o mantra: “Ando devagar porque já tive pressa”, veem seus dias arrastando-se lentamente e quando se dão conta....Sobra-se então vacilo, desistência, comodismo, inaptidão para romper, e uma vida à margem da plenitude.

Aquela nação escrava não poderia correr o risco de ser seduzida pela escravidão e abrir mão da liberdade, que a Páscoa acenava-lhes. Quantas “páscoas” ainda teremos que vivenciar para enfim sairmos do cativeiro? “Comê-lo-eis à pressa, é a Páscoa do Senhor”.

Suas medidas estão transbordantes? Ser refém desta situação já é quase impraticável? Alie-se à “pressa” e perceba que os dias estão repletos de oportunidades e muitas delas significam deixar velhos hábitos que nos escravizam, abrir mão se zonas de conforto que estão mais para momentos de guerra civil, e optar pelo pleno exercício de nossa autonomia, o caminho para uma vida de liberdade.

Por vezes precisamos nos libertar de alguns pensamentos nocivos, opressores, que nos mantêm cativos em lugares incomuns sem a menor possibilidade de ascensão e progresso. Páscoa também é  isto, o momento ideal para fugir rapidamente de situações que nos oprimem.

terça-feira, 19 de março de 2013

Vai-te!

Por Vitalina de Assis.






A solidão, muito presente nos dias atuais, assume ares de celebridade e insiste em ser amiga íntima, quase inseparável,  de pessoas comuns. Está presente em todas as camadas sociais e não é privilégio apenas para os descasados, para os que terminaram um relacionamento a dias ou a tanto tempo, que só restou dias incontáveis, ao assumirem a proporção de infinito.

Por mais que busquemos na memória, não nos recordamos mais de dias felizes em boa e indispensável companhia. A Solidão seduziu-nos...cedemos aos seus encantos e nesta simbiose sem benefícios recíprocos não mais nos reconhecemos, mas até quando? Não nos enganemos, estar pareado não significa não estar só. Já viveu um relacionamento em que o outro, presente sob o lençol, no café da manhã despertando-nos, no almoço se comunicando, no jantar descansando o olhar, entre uma notícia e outra em olhos desatentos, falando de frivolidades do dia ao cair da noite? E outra vez sob os lençóis aquecendo os pés, tomando nosso espaço, apossando-se de  nosso travesseiro... e no meio da noite ou do dia, você se pega na mais perfeita solidão e abandono?

Como não foi possível dividir pensamentos? Compartilhar angústias, problemas no trabalho, as injustiças do chefe e quem sabe, novos sonhos e desejos? Tão perto e tão alheio, duas distãncias que se grudam não seria a mais cruel das antíteses? É esta solidão que machuca, que rói por dentro, que desestrutura os alicerces de qualquer empreendimento a dois, de qualquer projeto a curto e longo prazo. Que inviabiliza a realização de sonhos, que impede o passo seguinte, a próxima curva, a mais longa e nova aventura. De repente estamos falando, gesticulando, amando, procriando, buscando o prazer sozinhos! É possível tocar quem está ao nosso lado, mas é impossível sentir seu calor, seu cheiro, sua empatia. Nossa relação, outrora forte por comportar uma cumplicidade, torna-se ainda mais forte para albergar uma solidão crescente e desafiadora. Nos tornamos a soma total de todos os vãos à nossa volta. É esta a solidão que impera em nossos relacionamentos? Se for um sonoro sim,  a resposta, o que fazer então?

Não acredito no futuro saudável de uma relação deste porte, haja vista muitas delas terminarem antes de nos darmos por vencidos, sendo assim, se já era, por quê nos prendermos ao passado como se à nossa frente não nos acenasse um futuro brilhante? Ficar só, ser trocado (a) como se troca uma roupa,(talvez esteja mais do que na hora um novo modelito) pode não ser o fim do poço (e nem a isto se propõe, acredite!) ou a mais triste assolação que "finge" possuir poderes de abate. É certo que ficamos meio lost e ilhados, (p. da vida) mas convenhamos, nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Cabe a mim, somente a mim, delegar-lhe ou não, este suposto poder.

Sendo assim, decida-se por um novo olhar, considere ser este o início de uma escalada ao topo do seu sucesso pessoal, (está mais do que na hora de priorizar seus interesses) ao arregaçar das mangas, e ao que considero imprescindível, uma dádiva - resgatar sua própria identidade. Acredite mais em si, invista em seus projetos, em sua carreira. Afinal, “levanta, sacode a poeira, dá volta por cima” pode não ser apenas mais uma canção.