terça-feira, 29 de novembro de 2011

Réstia de luz.

 Por Vitalina de Assis.






Refém de quem queria roubar-lhe a vida
em vagos momentos de lucidez
desejava viver

Ainda que a morte
afagasse seus cabelos
e uma réstia de luz
iluminasse a eternidade próxima
soube convergir tal luz
para sua esperança criança

Inocente,
a morte esqueceu-se
que basta pequena luz
para nutrir a vida
de quem aguarda
o cair da guilhotina

Embora cantasse a morte:
te degusto com requinte
em mesa posta

uma réstia de luz
destoa sua canção
e insistente
conspira em favor da vida

Réstia de luz inconveniente
aquece tijolos agora complacentes

refletiu luz de vida
além do cativeiro
aboliu a ideia de vê-la morta
roubou-lhe a intenção de desistir afinal

Firme neste próposito
fez-se valer
da luz que incidia sobre tijolos
que desconfiava ser a vida
a espiar-lhe mansamente

Quando a vida espia, conspira
percebeu sua sorte mudar
de perdida em braços mortais
agora segura em braços de amor

Optou pela vida
desistir não conjugaria
ignorou apelos do medo
e pequena réstia de luz
brilhou na saída do cativeiro.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Brevidade.

Por Vitalina de Assis.




Em breve” com você
chega a ser espera angustiante!
Todavia
de intensa alegria
a contar dias, horas, segundos.

Em breve” pode soar recompensa
castigo
ou
vai ter que esperar para ver

Uma contagem regressiva
que se diminui em dias
agiganta-se no querer que seja hoje,
agora, já.

"Em breve", um olhar
um beijo,
longa conversa
entre carícias,
entre dois que se tornam um
e que se dane o mundo

"Em breve" ocitocina inversa
capaz de colocar o coração na boca
e a pressão nas maiores alturas
sem contudo matar por descuido

Matar?
só se for os dias insossos
dias perdidos na incompletude dos sentidos
dias que chegam sem a aurora
e se vão sem o crespúsculo
dias que se amontoam
e ofuscam minha luz
gritando gris na minha cara.

"Em breve"
desnorteia
tira o prumo
foge o chão
ensandece na loucura sã
desordenando minha ordem imperfeita
colocando em camisa de força
juízo que não faz falta

Em breve”
até quem sabe
outro dia,
outra hora,
outra vida.

Em breve
outra espera.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Incompletude.



Meu coração anda assim:
vazio de amor, 
de um ser que me complete,
que me faça  única 
cheia de encantamento.

Há dias em que este vazio transborda de incompletude
e isto dói!!!!

Derramar-se assim,  
e nunca esvaziar-se
parece ironia do destino,
que se esconde entre  vãos,
só para observar.

Há dias em que este vazio transborda de incompletude
e isto dói!!!!

Ah destino preguiçoso!!!
Trate logo de trabalhar e virar este jogo.