Por Vitalina de Assis.
Amor e cumplicidade são as duas faces da moeda? Ou a cumplicidade é o conhecido Amor, em sua forma feminina?
O poeta advertiu ou afirmou: “Que seja eterno enquanto dure”. (Que mania temos de trocar as coisas) Não disse: “eterno enquanto dure", o poeta Vinícius, "mas que seja infinito enquanto dure”. Peço então licença poética para insistir nesta troca. O que exatamente está sugerido que seja eterno enquanto forma ou existência? Atrelamos esta fala ao amor que pauta ou deveria pautar e alicerçar as relações, no entanto, estaria ele de fato falando do amor? Eterno e durabilidade são sinônimos e não antagônicos, mas como em poemas ou em prosa tudo é permissível, gostaria de fazer aqui uma outra releitura, pois a vida é assim: Uma instigante criatura que não deve ser rotulada ou inserida em formas compactadas como se não houvesse sequer a possibilidade de mudanças. Quando obtusos em relação a isto, praticamos um erro e ficamos à margem do que significa e nos propõe a vida todos os dias.
Aproprio-me da máxima do slogan do guaraná Kuat: “Abra sua cabeça” e como não poderia deixar de ser neste contexto: “Abra seu coração”! O que realmente faz perdurar um relacionamento nos dias de hoje? Amor? Paixão? Vontade? Determinação? Filhos? Objetivos? Dinheiro, ou a falta dele? Medo? Insegurança? Conceitos arraigados? Ou mais contemporaneamente falando, (sejamos realistas) o que provoca o rompimento, o “The End” da relação? E esta lista prosseguiria por páginas, no entanto, pontuo aqui. Deixei propositalmente um item de fora, falarei dele mais a frente.
E o que são, ou como são os dias de hoje? Dias de hoje são meio “fast-food”. A impressão que temos é de que as horas continuam com os 60 minutos cravados no relógio, porém escoando bem mais rápido como se a abertura pela qual tenha que passar a “areia do tempo,” tivesse sido adulterada. A este modelo, "rápidas e facilmente digeridas" adequamos também nossos relacionamentos. Nutridos para o amor e para mais uma lida nos “dias de hoje”, voltamos para o trabalho e para os relacionamentos supostamente alimentados e na verdade, estamos nos desnutrindo dia após dia sem a percepção do fato, até que...
Voltemos ao que interessa por hora. Não citei na lista acima o que considero ser “o pulo do gato” das relações em nossos dias e não refiro-me ao amor do qual talvez tenha cogitado o poeta, e que deixando nas entrelinhas seu antagonismo ou sua fase realista bem demarcada, “enquanto dure”, sugere que o amor pode não ser duradouro, ou quem sabe dê uma trégua por dias, semanas, meses, ou ainda saia de viagem de férias sem bilhete de volta, no entanto, ainda se é possível manter uma relação, sociedade, parceria.
CUMPLICIDADE é a bola da vez e não falo de crimes, ok? Definimos cumplicidade por: “Quem colabora em, ou participa com outrem de algum fato; parceiro”. Ressalto aqui: COLABORA, PARTICIPA DE E COM, PARCEIRO.
Onde há colaboração, participação, parceria em prol de um objetivo em comum (no amor, ou na guerra) é certo que, apesar dos contratempos (nada vem de mão beijada, ou sem suor e lágrimas) pode-se manter qualquer empreendimento e mais, obter sucesso. No amor a “cumplicidade” é uma fortíssima aliada, é ela quem nos permite kuatar, (abrir a cabeça) e o coração” para os “vãos”, “sonhos”, “desejos” e tudo mais que possa fazer frente ou obscurecer os relacionamentos em dias atuais.
Fica aqui uma pergunta no ar: Amor e cumplicidade são as duas faces da moeda? Ou a cumplicidade é o conhecido Amor, em sua forma feminina?