quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Abram alas, Ano Novo às portas.


Que ensinamentos assimilamos ao longo do ano que finda e o que gostaríamos de ter como certeza absoluta neste ano vindouro? Deseja uma certeza absoluta? Que tal? Você é especial, único e completamente capaz de mudar sua estória, caso realmente queira.

O que aprendemos cabe a cada um de nós enumerá-los em um balanço e ao priorizá-los, na ordem de sua importância tentar colocá-los em prática, pois um aprendizado (por mais difícil que pareça) precisa ser efetivado. É na prática e persistência que adquirimos destreza. Sugiro também que faça hoje mesmo uma lista dos seus pertences (inclua tudo, verá que sua vida não foi um desperdício afinal e que seus ganhos foram no mínimo, significativos.) Não esqueça de listar o "pessoal" e lembre-se, as pessoas com as quais convivemos e amamos são o maior acervo que poderíamos conquistar ao longo de nossa existência. São poucos? Muitos? Uma torcida inteira? O que importa é a qualidade do vínculo, do apreço. Coleções às vezes só ocupam espaço e empoeiram esquecidas em algum canto, outras servem apenas como fermento bolorento inchando o orgulho de quem as possui. Só você determina o que te faz realmente feliz.

Liste os bens que você possui em casa, começando por ela, naturalmente. (Aluguel? E daí? Com determinação e esforço é possível mudar isto.)

    a) Tenho um teto sobre a minha cabeça. (Não foi preciso dormir embaixo de uma ponte, embaixo da marquise de uma confeitaria, ou em um lote vago ontem à noite.)
    b) Tenho com o que me alimentar. (Não precisei mendigar comida e tampouco revirar o lixo.)
    c) Tenho pessoas queridas que zelam e se preocupam comigo. Não estou abandonado, esquecido ou jogado às traças e ainda que o “distinto” ou a “distinta” tenha partido em direção oposta, sempre há um ombro amigo e uma palavra de conforto, além do que, a fila anda e a vida continua, oras!
    d) Que beleza! Tenho a propriedade inalienável de sonhar, estabelecer meus objetivos e fazer algo de bom e construtivo com a minha vida. Nada como um dia após o outro, um recomeçar oportuno, um rever de posicionamento, uma ATITUDE!
    e) Possuo a fé que me permite enfrentar todos os amanhãs. Se considera-se um ateu, por que então ao dormir ontem planejastes seu dia de hoje, ainda que teoricamente? Porque teve fé de que acordaria? Porque tem fé na vida? Porque acredita que sua existência não se formou no limo? Alguém te projetou e dotou-o de capacidade.
    f) Tenho um trabalho a fazer. (você pode até não gostar do que faz, mas o que tem feito de fato a este respeito?) Sou mental e fisicamente apto para o trabalho, contribuo, faço diferença.
Acredite! A vida nos sorri festiva quando a visualizamos por outras perspectivas, quando enxergamos o que já temos de bom e reconhecemos sua generosidade para conosco. Não podemos esquecer de listar o nosso passivo. Se eles forem em número maior que os ativos estamos à beira da falência e precisamos de uma grande injeção de fé positiva e “mãos a obra”, é hora de virar este jogo! Somos seres únicos, especiais e amados por Deus, sendo assim podemos contar sempre com a sua ajuda.

Embarque neste novo ano carregando em sua bela mochila, uma dose exagerada de otimismo, uma porção considerável de sorriso, e uma fé inalienável em Deus e na obra prima de suas mãos, VOCÊ.

FELIZ 2012! Muita saúde e paz, e como cantou Rionegro e Solimões, “o resto agente corre atrás.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Meu Natal, o que representa?

Por Vitalina de Assis.



Seria o natal um momento oportuno apenas para presentear, gastar, encher de pisca-pisca árvores e telhados, reunir familiares e comer, beber e comer de novo? Viveríamos em uma eterna infância se o víssemos apenas com olhares infantis que brilham ante a possibilidade de se empanturrarem de presentes. Alguns adultos são assim, brilham olhos, brilham ideias, brilha a carteira ao conjugar o verbo gastar sem nenhuma parcimônia.

Outros, ao verem o natal apenas como o “Senhor Comércio” que tenta obrigá-los a prestar adoração a todo custo, cobrem-se com as vestes do ateísmo e recusam-se a ceder a toda e qualquer forma de aliciamento e então, se fecham em copas, fecham as mãos e se escondem entre muros, paredes, dentro de si mesmos.

 Felizmente ainda há os que veem no natal, a possibilidade de suavizar linhas de expressão que foram sulcadas ao longo do ano nas relações com parentes, amigos, com o planeta. É impossível vivermos 365 dias no ano e não semearmos um desafeto aqui, ali e acolá, ou não sermos ríspidos e insensíveis, ou injustos em nossos julgamentos. Faz parte da natureza humana desagradar quando na realidade gostaríamos de agradar o tempo todo, entretanto, no natal é possível ceder aos encantamentos que sua “magia” nos proporciona. É possível sermos agraciados com o dom mais sublime ao qual temos acesso. Podemos perdoar, transitar pelos sulcos que estas linhas de expressão delinearam e atenuá-las, quem sabe até eliminá-las (me pergunto se isto seria possível de fato, pois algumas marcas insistem em ficar como se a ferro e fogo tivessem sido cravadas) retendo apenas o que aprendemos, o que nos faz crescer, pois perceber erros e tentar corrigi-los é o que faz a verdadeira diferença.

Sábio é quem aproveita e percebe que a atmosfera natalina é muito mais que presentear. Natal é tempo oportuno para zerar as diferenças, refazer um caminho “viciado”, “recorrente” e seguir por outra bifurcação, abrir novas estradas, ou quem sabe pequenas trilhas norteadoras. O segredo é deixar-se encantar, ceder à magia.

O que dizer dos orgulhosos, empedernidos que não se abrem para oferecer e receber perdão? E quanto aos muitos que não cedem a um abraço amigo e sequer aceitam recomeçar de novo? Nada a fazer, senão esquecer o medo de ser feliz e apostar que, ainda que o outro não ceda ao seu abraço, à magia do natal, ao presente "dar-se", o que realmente importa é que o primeiro passo foi dado, e cabe ao espírito natalino, à magia ao qual me referi acima, selar o acordo.

 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Réstia de luz.

 Por Vitalina de Assis.






Refém de quem queria roubar-lhe a vida
em vagos momentos de lucidez
desejava viver

Ainda que a morte
afagasse seus cabelos
e uma réstia de luz
iluminasse a eternidade próxima
soube convergir tal luz
para sua esperança criança

Inocente,
a morte esqueceu-se
que basta pequena luz
para nutrir a vida
de quem aguarda
o cair da guilhotina

Embora cantasse a morte:
te degusto com requinte
em mesa posta

uma réstia de luz
destoa sua canção
e insistente
conspira em favor da vida

Réstia de luz inconveniente
aquece tijolos agora complacentes

refletiu luz de vida
além do cativeiro
aboliu a ideia de vê-la morta
roubou-lhe a intenção de desistir afinal

Firme neste próposito
fez-se valer
da luz que incidia sobre tijolos
que desconfiava ser a vida
a espiar-lhe mansamente

Quando a vida espia, conspira
percebeu sua sorte mudar
de perdida em braços mortais
agora segura em braços de amor

Optou pela vida
desistir não conjugaria
ignorou apelos do medo
e pequena réstia de luz
brilhou na saída do cativeiro.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Brevidade.

Por Vitalina de Assis.




Em breve” com você
chega a ser espera angustiante!
Todavia
de intensa alegria
a contar dias, horas, segundos.

Em breve” pode soar recompensa
castigo
ou
vai ter que esperar para ver

Uma contagem regressiva
que se diminui em dias
agiganta-se no querer que seja hoje,
agora, já.

"Em breve", um olhar
um beijo,
longa conversa
entre carícias,
entre dois que se tornam um
e que se dane o mundo

"Em breve" ocitocina inversa
capaz de colocar o coração na boca
e a pressão nas maiores alturas
sem contudo matar por descuido

Matar?
só se for os dias insossos
dias perdidos na incompletude dos sentidos
dias que chegam sem a aurora
e se vão sem o crespúsculo
dias que se amontoam
e ofuscam minha luz
gritando gris na minha cara.

"Em breve"
desnorteia
tira o prumo
foge o chão
ensandece na loucura sã
desordenando minha ordem imperfeita
colocando em camisa de força
juízo que não faz falta

Em breve”
até quem sabe
outro dia,
outra hora,
outra vida.

Em breve
outra espera.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Incompletude.



Meu coração anda assim:
vazio de amor, 
de um ser que me complete,
que me faça  única 
cheia de encantamento.

Há dias em que este vazio transborda de incompletude
e isto dói!!!!

Derramar-se assim,  
e nunca esvaziar-se
parece ironia do destino,
que se esconde entre  vãos,
só para observar.

Há dias em que este vazio transborda de incompletude
e isto dói!!!!

Ah destino preguiçoso!!!
Trate logo de trabalhar e virar este jogo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um segredo.

Por Vitalina de Assis.



                            De todos os sonhos, guardou apenas um.
                           O que se travestia de inocente ingenuidade,
                                   e criança, queria brincar com a noite.

sábado, 22 de outubro de 2011

HUMMmmm!!!...

Por Vitalina de Assis.


O  olhar
Ah este olhar!
Como  mantra
em sonora vibração
a seduzir
tal é este olhar
meus segredos a desnundar





Não se dê por vencido
um olhar
outro chama
e o castigo?
uma nudez
despudorada!

Por pouco
não sinto o sopro das asas.

O olhar
Ah este olhar?
Encantou-me
pousou
reconquistei meu mundo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mãe e seu inferno existencial.

           Por Vitalina de Assis.

    


                
                                                                                                                  
                
Tem coisas que jamais serei capaz de compreender ou aceitar. Não consigo entender o sentido da vida, se é que tem algum sentido ou propósito de fato, ou se  os inventamos para justificar nossa existência como se a falta deles fosse um crime hediondo, um pecado imperdoável.


Já me questionei milhares de vezes sobre o porquê de eu ser como sou. Poderia ser eu, uma pessoa melhor? Mais humana, mais compreensiva, mais tratável? Quanta vida tem que se viver ou que sacrifícios podemos fazer para sermos quase perfeitos? Pois a perfeição não é algo que esteja ao alcance de pessoas. Talvez os animais sejam perfeitos porque não falam, não fazem valer seus direitos ou opiniões, não discutem, não respondem e não emitem juízo de valores a despeito de. Simplesmente estão por aí, presentes, sinceros, amigos, calados. Prontos para demonstrar que consideram  nossa vida importante, prontos para sumir de nossa presença caso verbalizemos isto, prontos para ficarem próximos a encarar-nos com olhos compreensivos. Tendo-os assim tão solícitos, podemos na mesma proporção, compará-los aos animais selvagens que, se descuidarmos, são capazes de tirar nossa vida.


Pergunto-me todos os dias onde falhei ao gerar filhos. Não falhei no ventre, nasceram sadios, perfeitos, no tempo certo. Não falhei na amamentação, dei-lhes o peito enquanto quiseram sugar. Na alimentação lhes dei o melhor que as condições permitiam, não descuidei do almoço, não omiti o jantar, não falhei no lanche. Quanto ao vestuário, roupas  limpas e bem passadas. Não sentiram frio que eu não pudesse aquecê-los, não passaram fome, não ficaram ao abandono, ao relento, ou desprotegidos. Enfrentei perigos, perdi noites de sono, deixei de preocupar apenas comigo, me doei. Deixei de comer o melhor para que o melhor fosse dado a eles.


Amor? Não tenho dúvidas de que foram amados desde o primeiro instante em que  soube de sua existência em minhas entranhas. Por nenhum segundo sequer desejei que ali não estivessem e se o tivesse feito, seria um destes deslizes da maternidade com os quais aprendemos a conviver e  a nos perdoar. Amei e amo como somente quem gera pode amar. Meus atos não dizem que amo? Que atos então deveria ter para que os mesmos falassem de amor? Quando tudo ruiu ao meu redor, me mantive sã, permaneci presente mesmo em dores e desejos de não existir. Permaneço presente mesmo quando sinto que falhei sem saber onde e quando.


Ensinei gratidão? Ensinei honrar, amar, respeitar? Dei educação e bons modos? Parece-me que foi aqui que falhei. Ensinar palavrinhas mágicas: por favor, obrigada, me desculpe, não faz necessariamente uma pessoa grata e solidária. Não se ensinam a serem pais em escolas, e muito menos se ensina a serem filhos. Quem ensina isto afinal? Nossos pais? Aprenderam eles com seus pais? Ensinamos nossos filhos? Afinal, quem ensina quem? Não me ensinaram, não possuo este conhecimento, e também não me sinto apta a ensinar. Cobro-me, me cobram e falho nos resultados, nas cobranças, nos erros e acertos. Tenho erros, muitos erros, mas quem os julga? E que parâmetros temos por base? Tento acertar todo tempo. Penso que os anos vividos, na medida em que vão se distanciando dos anos passados, possuem uma cartilha e o dom de ensinar. Será?


Devo ser uma pessoa má, egoísta, o tipo de mãe que “além de não ajudar, ainda atrapalha”, é o que ouço como se fosse uma sentença. Faço o que penso que posso, faço o que acho que é certo, faço o que minhas limitações permitem. Não sou perfeita, pior, nem razoável me considero na arte “ser mãe”. Posso mudar? Não sei dizer. Quero mudanças? Todas as que me forem possíveis. Quero trabalhar por estas mudanças? Pagar o preço do aprendizado? Ou quero apenas aceitar minhas limitações, meus entraves, minha " insolução”  ante as possíveis soluções? Não sei o que realmente quero.


Quero uma mágica que faça tudo por mim, não são assim as orações? Transforma-me, enquanto sou eu, sou eu, sou eu - que não faço, que não desejo inteiramente, que responsabilizo o outro, que talvez culpe a Deus em alguns momentos insanos, e que se dane o mundo. Então, tento não falar. Tento me calar. Tento me omitir ou ainda, tento fazer, mudar, fingir.


Quero o silêncio de dias calmos, quero a paz de dias idos, quero a sorte de mudar. Quero sumir, sem me ausentar. Quero morrer, sem descer ao túmulo, quero permanecer presente, sem ser notada. Quero mudar. Quero mudanças. Mudar os outros.


Quero poder...

 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

                                                 
                                                                                                  

                          Transcendência.




               O inesperado 
                   tem a virtude de 'aos gritos'  
                         sussurrar aos sentidos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ouvindo o inaudível.

Por Vitalina de Assis.


Passamos uma vida inteira buscando  respostas e certamente algumas,  ao longo de nossa existência, jamais serão compreendidas, (disse compreendidas) outras brilhantemente sim.
Somos a somatória do que aprendemos no nosso núcleo familiar, do que nos ensinaram na escola, do conhecimento de mundo adquirido por experiências apreendidas, vivenciadas, e pelo uso diário que fazemos de nossa autonomia (compreendendo-me com um ser desvinculado de “a” ou “b”). Acrescida com o passar dos anos de maturidade, nossa autonomia logo compreende que o livre exercício do querer, não tão livre quanto imaginávamos de fato, requer um suporte. Assimilado isto, percebemos uma sabedoria universal e disponível sempre que nos encontrarmos diante do desconhecido, ou de bifurcações que nos exijam uma escolha.
Quantas vezes necessitamos de um direcionamento e, ainda que  conselhos chovam sobre nossa cabeça, talvez nenhum deles tenha o mágico poder de aliviar-nos. O que fazer então? Desesperar-se? Fugir de tudo e de todos (para que ir tão longe em busca de respostas?) como se isto fosse o “abre-te sésamo”? A solução ideal?
Que tal buscarmos a tão desejada resposta no nosso “eu” interior? Não faço alusão ao “eu” do centro, o qual nos torna egocêntricos, avessos a conselhos, ou mudanças.  Refiro-me ao “eu” que está conectado com o Divino que tem todas as respostas e pode facilmente, apontar-nos uma alternativa ainda não cogitada, uma saída de emergência, um plano "b".
Este “eu” interior nada egocêntrico, é uma porta aberta para aquela doce voz que se recusa a falar no 'vento', no 'terremoto', no 'fogo', mas que prontamente fala e é possível ouvi-la na brisa, na leveza do ser, no aquietar dos sentimentos conflitantes, na necessidade de um socorro ou conselho que está além do amigo, além das profecias, além do terapeuta, além das muitas vozes.        
Nosso eu interior carece de um “enfim sós”  quando todos se foram, quando a porta fechada está , quando reina apenas o silêncio para ouvirmos o que realmente importa. Em nossa conexão com o Divino está o "seguro" , ou “selo” de autenticidade que nos capacita a assumir o controle.
Não está ligado a doutrinas, líderes espirituais, livros de autoajuda, ou algo semelhante. Trata-se apenas do nosso bate fone vermelho, o linha direta com quem tem todas as respostas e saídas estratégicas. Como ouvi-lo? Como acessá-lo? Como beneficiar-se de seus conselhos infalíveis para uma mudança de comportamento, pensamentos, ou um novo direcionamento?
Não é difícil, mas também não  será um  mar de rosas, uma vez que silenciar e aquietar-se  soa absurdamente impossível em dados momentos.  Quando tudo em nós deseja gritar e chutar o balde,  insinuar-se como o politicamente correto, dê um tempo, respire fundo e ouça sua voz interior. É perfeitamente possível que em meio a este turbilhão no qual  se encontra, uma luz brilhe em seu caminho, uma voz faça toda a diferença. Ouça!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lembranças.

Por Vitalina de Assis.



Nunca vou esquecer
 o beijo  não me deu
o olhar não perscrutou-me
mãos não me despiram
calor não me aqueceu

Nunca vou esquecer teu toque,
senti-o na alma,
em sonhos...

Nunca vou esquecer teu gosto,
não imagino...
... delicio-me

Nunca vou esquecer teu peso,
me deixaria esmagar por ele.

esquecer,
perder,
morrer,
Nunca.

Fostes quem mais completou-me
embora grite! Incompletudes

sem viver promessas
Culpa?
Clímax?
Auge?
Não usufruí
só a mim importa. 

sonhos
tempo,
fantasias,

investi

em mim.
em lingeries de sedução,
sedutoras,
a quem ousaria exibí-las?

Não ter-te,
do que já tive
e perdi,
é  dor maior.

Do que se tem
esgotam-se as possiblidades


Você?

Perdi o in
Perder o in
o que não se teve,
não é  perder.


É

nunca
viver o vivenciável....
nunca
tocar o intocável
nunca
provar o improvável...
nunca
gozar o inefável.


Nunca

sair

do

lugar

comum.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Notas musicais.

Por Vitalina de Assis.






Todos os dias enfrentamos momentos diversos: alguns felizes e saltitantes, outros tranquilos como passos em viçosa grama e ainda outros, densa areia molhada. Nos felizes e saltitantes poucas marcas deixamos pelo caminho, pois ficamos mais nos ares do que em terra firme. Na viçosa grama, tapete divino, sentimos cócegas nos pés. Sorrimos felizes e gratos ao vê-la curvar-se reverentemente quando a tocamos. Em densa areia molhada,  como se afundássemos, pesam nossas pernas e pés. Pedimos colo aos céus.

Das alegres e saltitantes, as marcas que ficam,  por pouco não  as perdemos em dias densos. Das que por segundos ficaram pela grama  esquecemo-nos o roçar do riso, embora a gratidão nos acene timidamente. Em densa areia molhada,  quase exauridos, erguidos somos por Deus. Compreendemos assim,  pernas e pés hábeis.

Ao olharmos  para trás  visualizamos uma trilha desenhada, um traçado firme que tornou-nos não apenas fortes, mas seguros, confiantes. As marcas tornar-se-ão guia e conforto aos que por nossas trilhas vierem a transitar. (Esteja certo disto.)

De todas as lembranças guardadas e de outras tantas que teremos à nossa frente para dar abrigo, permanece a certeza de que todas elas, notas alegres ou tristes compõem a melodia da nossa vida. Entre sons e silêncios, seguir e aportar, que seja harmônico nosso existir.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A regência divina.

Por Vitalina de Assis.


O vento que balança a árvore, que balança os galhos, que balança as flores e faz um espetáculo pirotécnico natural, tirou-me de um estado de angústia proeminente que introjetava-me em pensamentos quase mórbidos e chamou-me à contemplação das árvores. Uma delas especialmente envolvida pelo vento que a agitava para todos os lados parecia ser impiedosamente molestada, uma vez que de seus galhos,  desprendiam-se suas flores, mas o espetáculo que se via não pareceu-me uma perda, um desconsolo. O que se via não causava apenas um profundo impacto na paisagem, impactava o meu interior; coloria de branco o vento incolor, e pintava em mim novas cores onde só reinava o cinza. Não era invisível ou indiferente aquela força que balançava a árvore.

A árvore-de-paina com poucas folhas, muitos galhos secos e uma quantidade enorme de bolas brancas estava sendo o destaque.

O vento que balança a árvore, que balança os galhos, que balança as flores, agora soprava as bolas brancas que se desprendiam, explodiam e se dividiam em centenas de pequenos flocos que, libertos para seguir o curso do vento pareciam flocos de neve alegres e brincalhões. Alguns ousavam ir bem no topo e subiam a perder de vista, outros contentavam-se no voo rasante e logo estavam espalhados pelos telhados. Eram lançados ao chão e no chão jogados para la e para ca, pouca visibilidade, nenhuma ascensão. Quando finalmente o vento seguisse seu caminho, ali ficariam  para serem levados pelas formigas, pisados, varridos, escoados com a água que viria dos céus, ou por um jato de água que lavaria aquele piso. Eram as possibilidades daqueles que não ousavam subir nas asas do vento. Os poucos ousados podia vê-los bailando, pareciam livres e intrépidos. Acho mesmo que, olhando para cima, eles confundiam-se com as nuvens que majestosas cobriam o céu estendendo seus domínios e anunciando que logo se converteriam em chuva e cumpririam assim, seu desígnio máximo.

Contemplar aquele desprendimento de tão frágeis criaturinhas, se assim posso chamá-las, e o que poderia parecer-lhes uma grande tempestade, fez-me perceber o quanto as situações, às vezes fora do nosso controle são ocasionadas por ventos divinos que querem  desprender-nos da segura árvore e nos lançar para a aventura do voo, para a conquista do novo.

Se ousarmos irmos sobre suas asas às grandes alturas, o céu será o limite e este limite potencialmente não existe. Iremos  tão longe quanto o vento queira soprar, ou tão longe quanto sonhou nossa liberdade. Entretanto, se covardemente, timidamente, ou desousadamente decidirmos pela fragilidade, nosso destino será o chão mesmo após termos voado. O vento vai seguindo seu caminho e a brisa que fica não oferece suporte. Existem aqueles que  se agarram insistentemente à árvore e estão carregados de imaturidade, o que pode às vezes ser um mero engano. Entretanto, não sonham, não ousam, não querem. Perdem a oportunidade de alçar voo, e o vento, não sopra para sempre no mesmo lugar.

A maturidade te dá asas! Decidir usá-las é prerrogativa própria.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Confidências.

Por Vitalina de Assis.
 


A quem  interessar possa
interessar-se não mais lugar comum, entretanto...

Sinto-me profundamente sozinha e uma angústia vai tomando conta e escurecendo recantos da minha vida que querem muito brilhar.

Diria-me o mais sábio e intrometido amigo

que sofro se quero sofrer
choro se quero chorar
me angustio se nada melhor faço
Que quem manda nas minhas emoções sou eu, e que tudo se resume em uma escolha.
Tão fácil, tão simples, tão jogos de crianças
mamãe mandou eu escolher esta aqui, mas eu sou teimosa e escolhi esta daqui”.

Tenho sido teimosa por toda uma existência, e escolhi esta daqui. Agora sofro, choro, angustio e realmente, melhor não faço.

Procuro em pessoas,
olhares,
um que me acalente,
que compreenda meu momento,
que ao invés de ser sábio e intrometido queira apenas amparar-me,
enxugar minhas lágrimas, me por no colo,
"mantrar":

Dorme que te acalento
Dorme que sonho contigo
Dorme que faço silêncio

Dorme.

As cortinas fecho
Dorme,
A ti vigio

Quando acordares e já não te sentires tão cansada

Te levo às mais altas nuvens
Te toco com minha vida
Te envolvo em meus abraços
Te faço sorrir criança
Te faço vibrar mulher

Quando acordares e já não te sentires tão sozinha

Sigo o percurso contigo
Abro caminhos, derrubo matas

Sigo o percurso contigo
Te amparo, te embalo, te afago

Sigo o percurso contigo
Me amas, me catas, me atas

Sigo o percurso contigo
Te amo, te tomo, me ato.