terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Livremente.

Vitalina de Assis.

Por sorte a alma desconhece os limites territoriais do corpo e pode fluir livremente sempre que invente. Pode ir e vir em uma irresponsabilidade jeitosa, deixar pesos, agregar leveza, passear entre mundos, redirecionar pensamentos.




E, assentar novos rumos, assumir novas formas, criar novas metas, ser feliz.

Metamorfoseamos quando os ignoramos irreverentemente, apesar de nos proporcionarem uma falsa ideia de segurança, limites são assim: protejo-te, se não me ultrapassas.

A ciência de um saber que,
ignora potenciais e minimiza sonhos e desejos,
enclausura em uma falsa zona de conforto e,
sedados e conformados muitos vivem à margem do que realmente são,
ou gostariam de ser... fazer.

Louvado seja cada rompimento imperceptível, pois logo será incontido.
Louvado seja alma bandeirante que derruba matas,
rompe fronteiras,
finca bandeira.

Louvado seja “aspirar labirinto adentro, apertar labirinto afora”.


Bons tempos de inteiração Silvio Afonso.

Abram Alas... 2011 chegou!

Por Vitalina de Assis.


 


Que ensinamentos assimilamos ao longo do ano que finda e o que gostaríamos de ter como certeza absoluta neste ano vindouro? Deseja uma certeza absoluta? Que tal? Você é especial, único e completamente capaz de mudar sua estória caso realmente queira.

O que aprendemos cabe a cada um de nós enumerá-los em um balanço e ao priorizá-los na ordem de sua importância tentar colocá-los em prática, pois um aprendizado (por mais difícil que pareça) precisa ser efetivado. É na prática e persistência que adquirimos destreza. Sugiro também que faça hoje mesmo uma lista dos seus pertences (inclua tudo, verá que sua vida não foi um desperdício afinal e que seus ganhos foram no mínimo, significativos.) Não esqueça de listar o "pessoal" e lembre-se, as pessoas com as quais convivemos e amamos são o maior acervo que poderíamos conquistar ao longo de nossa existência. São poucos? Muitos? Uma torcida inteira? O que importa é a qualidade do vínculo, do apreço. Coleções às vezes só ocupam espaço e empoeiram esquecidas em algum canto, outras servem apenas como fermento bolorento inchando o orgulho de quem as possui. Só você determina o que te faz realmente feliz.

Liste os bens que você possui em casa começando por ela, naturalmente. (Aluguel? E daí? Com determinação e esforço é possível mudar isto.)

    a) Tenho um teto sobre a minha cabeça. (Não foi preciso dormir embaixo de uma ponte, embaixo da marquise de uma confeitaria, ou em um lote vago ontem à noite.)
    b) Tenho com o que me alimentar. (Não precisei mendigar comida e tampouco revirar o lixo.)
    c) Tenho pessoas queridas que zelam e se preocupam comigo. Não estou abandonado, esquecido, ou jogado às traças e ainda que o “distinto” ou a “distinta” tenha partido em direção oposta, sempre há um ombro amigo e uma palavra de conforto, além do que, a fila anda e a vida continua, oras!
    d) Que beleza! Tenho a propriedade inalienável de sonhar, estabelecer meus objetivos e fazer algo de bom e construtivo com a minha vida. Nada como um dia após o outro, um recomeçar oportuno, um rever de posicionamento, uma ATITUDE!
    e) Possuo a fé que me permite enfrentar todos os amanhãs. Se considera-se um ateu, por que então ao dormir ontem planejastes seu dia de hoje, ainda que teoricamente? Porque teve fé de que acordaria, porque tem fé na vida? Porque acredita que sua existência não se formou no limo? Alguém te projetou e dotou-o de capacidade.
    f) Tenho um trabalho a fazer. (você pode até não gostar do que faz, mas o que tem feito de fato a este respeito?) Sou mental e fisicamente apto para o trabalho, contribuo, faço diferença.
Acredite! A vida nos sorri festiva quando a visualizamos por outras perspectivas, quando enxergamos o que já temos de bom e reconhecemos sua generosidade para conosco. Não podemos esquecer de listar o nosso passivo. Se eles forem em número maior que os ativos estamos à beira da falência e precisamos de uma grande injeção de fé positiva e “mãos a obra”, é hora de virar este jogo! Somos seres únicos, especiais e amados por Deus, sendo assim podemos contar sempre com a sua ajuda.

Embarque neste novo ano carregando em sua bela mochila, uma dose exagerada de otimismo, uma porção considerável de sorriso, e uma fé inalienável em Deus e na obra prima de suas mãos, VOCÊ.

FELIZ 2011! Muita saúde e paz, e como cantou Rionegro e Solimões, “o resto agente corre atrás”.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal, momento oportuno?

Por Vitalina de Assis.




Seria o natal um momento oportuno apenas para presentear, gastar, encher de pisca-pisca árvores e telhados, reunir familiares e comer... beber... e comer de novo? Viveríamos em uma eterna infância se o víssemos apenas com olhares infantis que brilham ante a possibilidade de se empanturrarem de presentes. Alguns adultos são assim, brilham olhos, brilham ideias, brilha a carteira ao conjugar o verbo gastar sem nenhuma parcimónia.

Outros, ao verem o natal apenas como o “Senhor Comércio” que tenta obrigá-los a prestar adoração a todo custo, cobrem-se com   as vestes do ateísmo e recusam-se a ceder a toda e qualquer forma de aliciamento e então, se fecham em copas, fecham as mãos e se escondem entre muros, paredes, dentro de si mesmos.

Felizmente ainda há os  que veem no natal,  a possibilidade de suavizar linhas de expressão que foram sulcadas ao longo do ano nas relações com parentes, amigos, com o planeta. É impossível vivermos 365 dias no ano e não semearmos um desafeto aqui, ali e acolá, ou não sermos ríspidos e insensíveis, ou injustos em nossos julgamentos. Faz parte da natureza humana desagradar  quando na realidade   gostaríamos de agradar o tempo todo, entretanto,  no natal é possível ceder aos encantamentos que sua “magia” nos proporciona. É possível sermos agraciados com o dom mais sublime ao qual temos acesso. Podemos perdoar, transitar pelos sulcos que estas linhas de expressão delinearam e atenuá-las , quem sabe até eliminá-las (me pergunto se  isto seria  possível de fato, pois algumas marcas insistem em ficar como se a ferro e fogo tivessem sido cravadas) retendo apenas o que aprendemos, o que nos faz crescer, pois perceber erros e tentar corrigi-los é o que faz a verdadeira diferença.

Sábio é quem aproveita e percebe que a atmosfera natalina é muito mais que presentear. Natal é tempo oportuno para zerar as diferenças, refazer um caminho “viciado”, “recorrente” e seguir por outra bifurcação, abrir novas estradas, ou quem sabe pequenas trilhas norteadoras. O segredo é deixar-se encantar, ceder à magia.

O que dizer dos orgulhosos, empedernidos que não se abrem para  oferecer e receber perdão?  E quanto aos muitos que não cedem a um abraço amigo e sequer aceitam recomeçar de novo? Nada a fazer, senão esquecer o medo de ser feliz e apostar que, ainda que o outro não ceda ao seu abraço, à magia do natal, ao presente "dar-se", o que realmente  importa é que o primeiro passo foi dado, e cabe  ao espírito natalino, à  magia ao qual referi-me acima, selar o acordo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Coração de mulher?

Por Vitalina de Assis.
(Postei no dia  19/08/2010 na coluna do  Dr. Alessandro Loyola)

Inicio meu texto citando um bordão que prolifera como ervas daninhas em lábios masculinos e que se não enobrecem as mulheres, (acredite, isto não nos lisonjeia) serve de desculpa esfarrapada para homens incapazes de compreender a alma feminina, seu mundo interior e suas curvas. “Mulher é um bicho complicado”!

Quantos bichos machos em um dia sem sol e cores não verbalizou em alto e bom tom sua inaptidão, (ignorância) de forma a lançar sobre a fêmea a total responsabilidade de não ser compreendida ou aceita? Atire a primeira pedra quem não nunca fez isto. Homens são mestres nesta escola, embora existam alguns protótipos que fugiram da linha de produção em série e são dádivas no universo feminino. Alguns certamente transcenderam no trato e conhecem, compreendem e aceitam o “coração de mulher”. Sabem que o “complicado” está fora e nunca dentro da mulher ou atrelado à ela.

Coração de mulher não se obriga a ter ritmo e compassos, seu tempo não se agrupa em valores iguais e não se fixam dentro de divisões de pautas musicais, não se pode reter sua melodia que é livre para tocar, e sonhar sem territórios demarcados.

Coração de mulher é sensível e único no sentir. Sabe ser generoso em situações altamente duvidosas, sabe doar e se dar como se isto fosse parte de sua pele e, realmente o é.

Coração de mulher sabe perdoar, aceitar riscos e perdoar… incontáveis vezes. Conhece o segredo da alquimia, é capaz de transformar em ouro, metais sem valor. Não se formam em Universidades “especialistas de coração” capacitados para tratar ou compreender o coração da mulher, porque o mesmo, não se localiza no meio do peito, sob o osso esterno, ligeiramente deslocado para a esquerda, onde podemos facilmente localizar o coração humano.

Coração de mulher possui outro endereço, localiza-se por todo o corpo, está entre a epiderme, a derme e o hipoderme subcutâneo, no entanto é capaz de estar além ou ocultar-se em mais de três camadas.

Coração de mulher não é possível pegar entre as mãos, e nem sequer tocá-lo com os dedos. Difícil é tratar um coração assim , mas pode-se compreendê-lo perfeitamente. Somos seres únicos, reconheço.
Mas não somos, sob hipótese alguma, “Ô bicho complicado!"

Seja “competente” amigo macho e mude sua linguagem, quem sabe assim, você possa desmistificar este mito.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quero, logo faço!

Por Vitalina de Assis.
Postei no dia 02/11/2010 na coluna de Sandra Maia
(Colunistas yahoo)


"Nunca deveria dar a si mesmo a oportunidade de se entregar porque, quando o faz, isso se torna uma tendência, e nunca mais para de acontecer. Em vez disso, você precisa ficar forte".(GILBERT, 2008, p. 145, grifo nosso).


Li esta frase no livro Comer, rezar, amar - de Elizabeth Gilbert e foi como um sinal luminoso piscando incessantemente diante dos meus olhos, um bom motivo para refletir e como papel de toda boa reflexão, abrir espaços que nos permitam questionar, rever algumas atitudes e mudar alguns conceitos, afinal estamos em constante processo evolutivo e mudar é uma dádiva de Deus ao homem.

"Em vez disso, você precisa treinar ficar forte". TREINAR FICAR FORTE. Isto soou-me como a revelação de um segredo há muito compartilhado, mas totalmente esquecido em um canto qualquer de nossa existência, como algo que um dia foi precioso, bem guardado e atrofiou-se por desuso. Só temos a consciência de que precisamos fortalecer alguma área de nossa vida quando somos capazes de identificar nossas fraquezas. Permita-me considerar como sinônimo de "tendência" na frase citada o termo "fraqueza", ou seja, um comportamento recorrente, aquele que não gostaríamos de repetir, mas que constantemente estamos fazendo.

Encontramos na Bíblia um versículo muito propício e gostaria de dialogar com ele: o apóstolo Paulo disse com muita propriedade em sua epístola aos Romanos no cap. 7:19 - "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço." Quero destacar o verbo preferir, querer, e a ordem em que foram colocados.

"Prefiro" transita no reino da vontade e o vejo como uma vontade mais branda, tipo aquela sensação "acho que não quero tanto assim"! Está no terreno das escolhas e convenhamos, muitas vezes diante das tais, ficamos como a criança que aprende brincando o exercício da desobediência: "minha mãe mandou eu escolher este aqui, eu fui teimosa e escolhi este daqui". Coisas da infância e do reino lúdico da imaturidade infantil, embora pareça exatamente o contrário, o pequeno ou pequena ensaiando seu exercício de autonomia. Já na fase adulta... cidadania. Entretanto, quando utilizo ou penso no verbo querer, estou exercendo meu direito pleno e intransferível de autonomia, não apenas uma escolha dada as circunstâncias, mas uma atitude que demonstra o poder que eu exerço em uma situação específica.

E quanto ao que disse o apóstolo?

Ele sabe o que não quer e é exatamente o que ele não quer, que é feito. Consegue perceber aqui o que não foi dito, mas grita nas entrelinhas?"Preferir" é o "fraco", o que se dissolve no compromisso que não assumo, o "acho que não quero tanto assim!" E o que não quero é o forte que me domina, é o "mal que não quero, esse faço", então se trocarmos a ordem dos produtos podemos obter um novo resultado. "O bem que prefiro", o que seria politicamente correto, o aceitável, o que esperam de mim, este não faço e sabe por quê? Porque é o que vem de fora, o desejo. Ao desejo nos curvamos, então se ao invés de preferir fazer o bem, eu "desejar" fazê-lo, é certo que o farei, mas como saltar do preferir para o quero?

Volto à citação inicial que destaquei do livro: "EM VEZ DISSO, VOCÊ PRECISA TREINAR FICAR FORTE". Permita que esta expressão te envolva, passeie por sua pele, penetre nos seus poros, infiltre na sua corrente sanguínea, possua seus pensamentos no reino da vontade. Treinar ficar forte, dizer não a fraqueza e para a tendência de sempre repetir o que jurou de pés juntos não fazer novamente. Precisamos identificar esta tendência e treinar o oposto, ficar forte no movimento contrário.

O que não te agrada em seu comportamento? Pode considerar esta atitude uma tendência que vem repetindo-se dia após dia, em intervalos semanais ou mensais? "Em vez disso, você precisa treinar ficar forte". Então faça o bem que você QUER, e o mal que não PREFERE, esse não faça.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ausente e tão presente.

Por Vitalina de Assis.






Ela conseguira visualizar e com um pouco mais de silêncio poderia até ouvir as gaivotas. Lembrou-se de um casal de aves que vira no alto de uma palmeira e de como sua imaginação correra solta e em segundos estava com ele na praia debaixo da mesma. O suor que escorria como gotas de cristais pelo rosto daquele que amava profundamente, deliciosamente provava para não vê-las perderem-se na areia. As garças arrulhando-se ao cobrirem suas fêmeas e somando a tudo isto, o doce mar soprando sua música mágica e afrodisíaca! Cenário perfeito para um encontro tão esperado.

O homem de pé naquela sacada do hotel sentia a brisa que o mar insistentemente soprava em sua face. Fechando os olhos tornava-se nítido um hálito aquecido, um beijo desenhava-se, e por todo o seu corpo percorria um arrepio que imprimia em cada poro o desejo de possuí-lo.

Não era a brisa, não era o vento...
Era um sopro...
Uma presença...
Ela tinha que estar ali...

Aquela presença se move. Aqueles beijos agora na boca que geme e quer mais parece querer brincar de beijar e tocar outras bocas. Na orelha deliciosos gemidos, lambidas cálidas, mordidas imprecisas. Que som era aquele que gritava desejo, que sussurrava tesão, que gemia paixão?

Silêncio.

Percorre a nuca, se enrosca no  pescoço, se perde atrás da orelha, mapeia , redesenha, contorna, recontorna, desfaz e refaz. Refeito o que estava feito, segue seu caminho... Para no peito.

O beijo...
Uma boca.
Agora um corpo.
Agora seios.

Peito e seios comprimindo-se, fundindo-se em um abraço real, irreal, forte, torpe, animal.
Abraço esperado, desejado, tão sonhado!
Abraço quente, que sente, não mente amor, calor,  não causa dor.
Abraço cede a força, cede pressão, afasta-se.
Aquele corpo gira o quarto, move a cama, gira o mundo, para o tempo...

Se lança na rede, balança a rede, ainda tem sede.
Aquele homem, imóvel, ouve a rede...
Que balança em calma

Que encanta e chama
Que sussurra e canta
Abre os olhos e se lança.

Aquele corpo que balança a rede, ainda tem sede. Recebe... ajeita...deleita... beija.

Um coração bate à porta.

Aquele homem agora possuído e com marcas felinas pelo corpo, se entrega ao gozo, se entrega à paixão. Não há mais horas, dias, meses. Entorpecido estava e permaneceria imóvel, se uma atração muito forte não o impelisse até aquela porta. Como que dominado por um súbito interesse, ergueu a cabeça e olhou atentamente naquela direção. 

Que estranha força era aquela que desatava-o do abraço,
que fazia-o mover-se,que tirava-o do sonho,
do irreal feito real?
Que força era aquela delicadeza que batia na porta?

Tão suave e intempestiva?
Tão graciosa e descompassada?
Tão surda e tão sonora? Tinha que ser ela...
Anônima e conhecida.
Ausente e tão presente!
Calada e tão falante!
Distante um dia, envolvente por toda vida!

Aquele homem consciente da presença quente que aguardava lá fora e portas não poderiam reter e impedir seu mover, não se detém mais, torna-se urgente! Imperativo abrir, e deixar entrar. Suas mãos tremulas e ansiosas abrem caminho na escuridão do quarto que com as luzes apagadas, mas iluminado pela luz do luar, vicejava um prazer muito refinado que fazia emanar desejos incontidos que logo romperiam suas amarras e toda uma gama de reprimidos desejos saltariam enfim, livres em busca de satisfação! Seu coração não batia descompassadamente, nem estava prestes a colocá-lo em apuros e, entoando em parceria com o mar, marcava o tempo daquele canto entorpecedor. Ao tocar a maçaneta e ao girá-la passam-se segundos eternos e todas as juras, todas as palavras confidenciadas, todos os sentimentos e emoções vivenciados, toda a paixão retida e idealizada se transformam em fontes de luz e cor ante seus olhos. Mesmo assustado com tamanha magia, nada mais pode surpreendê-lo neste momento. O que estava por vir, atípico e sem igual neste planeta, teria sido a muito idealizado, talvez nas estrelas, talvez em outros mundos, talvez em outros sóis. Fosse o que fosse não se comportava como algo terreno. Luz e cores emergiam dele e nada, à sua volta lembrava um lugar comum. Seria assim um encontro de almas? Questiona-se afinal.

Abre a porta e la estava ela. Personificada toda uma expectativa, toda uma espera, toda uma essência. Seus olhos nada desafiadores e um tanto tímidos, comportavam ternura, ansiedade, medo e um querer perscrutar e penetrar nos recônditos daquele que se apresentava ante eles e que agora, ternamente, tocava-lhe os cabelos. Seu toque tinha um "q" de esotérico, de mágico, de sublime. Reclina-se e aproxima-se daqueles lábios quentes. Esperava-se um beijo, mas decididamente e por mais que ambos o quisessem, não era o oferecido, o tal! Não era o recebido o tão desejado encontro dos lábios para uma troca a muito idealizada, a muito desejada. O que via-se ali era apenas um roçar, um breve e leve roçar que mesmo em nível tão impreciso queimava como fogo. O que não se esqueceria por décadas, por vidas.
 O olhar que fala mais do que palavras, convida, atrai. Ela entra. Segue. Fixa. Cativa deste olhar é conduzida até aquela sacada que não lhe parece estranha, alheia. Tinha certeza de já ter estado ali horas antes. Tinha certeza de já ter feito aquele homem prisioneiro do seu encanto, do seu desejo. Perplexa questiona-se: Como posso ter tão nítida certeza se na verdade é este o momento real do encontro? Mas como  explicar o que não é apenas uma vaga impressão? Teria acontecido? Teria sonhado? Teria ido além do mover temporal? Ou o meu desejo irreverente fugira do meu controle e vivenciara antes de mim todo este encantamento? Sai dos seus devaneios.

Aquele homem, mãos agora, toca em sua blusa, nos seus botões. Abre um a um e vai expondo colo, seios, ventre. Ela não se dá conta da exposição a qual está sendo submetida, sente apenas o calor das mãos e como estão quentes! Sua blusa lançada ao chão, é apenas um detalhe que rouba-lhe a atenção por alguns segundos. Quando retorna, são suas as mãos que desnudam aquele homem. Uma camisa é atirada sobre a que já estava à espera. Pensar que tecidos poderiam estar entrelaçando-se faz com que desejem que pele, calor, corpos, peitos e seios se fundam. Peito e seios cravam seu calor e intensificam o desejo.

 Difícil saber onde estava ele... onde estava ela.








sábado, 4 de dezembro de 2010

E esse tal diário.

Por Vitalina de Assis.




Li em um artigo qualquer direcionado às mulheres, cujo autor afirmava que para mantermos nossa saúde mental e equilibrarmos as emoções, uma boa dica seria mantermos um diário e registrarmos ali fatos do dia, emoções da hora, sensações vividas que não deveriam se perder no "como foi que tudo aquilo aconteceu comigo"?

Registrar alegrias, dissabores, segredos inconfessáveis, "crimes" sexuais que se não matam energizam um bocado, de quebra levantam a auto estima e dão um trato na pele. Ainda em tempo, a receita de um bolo excepcional para uma tarde de sol e aquela "batida" "gengibrial" secreta e afrodisíaca e por aí vai uma lista interminável. Avança um pouco mais ao considerar tudo isto uma terapia funcional, grátis e sem a necessidade de marcar um horário a ser vencido pelo mesmo com a célebre frase:

- "Seu tempo acabou, marque outra hora com a secretária."

E o tal diário trancafiado a sete chaves e somente o "eu" a transitar por suas páginas, linhas e letras seria de fato funcional?

Analisei, repensei e cheguei a seguinte conclusão: Especificamente no meu caso odiaria me empenhar tanto, "orkutar" não em fotos exageradas, possudas, tolas e em cansativos depoimentos a "quem não possa interessar", mas em desenhos aleatórios desnudar minha alma, meus recônditos, minha intimidade e nenhum leitor a vista com olhar perscrutador a interagir entrelinhas. Fico doente só de pensar nesta ausência, mas folgo quando posso enviar por e-mails para alguém escolhido a dedo, meus segredos inconfessáveis.

Inconfessáveis? Que nada! O que fazemos às ocultas que não temos a necessidade moral de ao pé do ouvido relatar para alguém?

Pense comigo: Já fez algo e trancafiou a mil chaves e nunca sequer ousou pensar, para que nenhum espertinho a espreita lesse seus pensamentos? Acho improvável encontrarmos alguém neste planeta ou em outro que consiga tal façanha. Caso encontre algum desavisado rastreado por satélite e um tanto alienado, diga-lhe que está perdendo a nata das relações e inclusive, a oportunidade de fazer um delicioso biscoito, aquele que... desmancha na língua e nos enche de prazer. Língua... prazer... tudo a ver não é mesmo?

O que seria de nós meros mortais convivermos e não compartilharmos segredos?

Seja em diários inocentes cor de rosa carinha da Barbie, seja em diários não tão inocentes e por vezes assustador, mentiroso e totalmente ultrajante como " O Caderno rosa de Lori Lamby", de Hilda Hist, ou em e-mails remetidos para a pasta de rascunho. Ai me poupe, é o cúmulo da solidão, mas se não tiver outro recurso e daí?

Talvez você prefira enviar para aquele bom e velho amigo que, além de aguentar nossas lágrimas, lamentos e desabafos sem fim, ainda se sujeita a ler e interagir com as nossas "bem traçadas linhas".

ATENÇÃO! Esteja preparado para o cansaço do amigo(a) virtual, (afinal paciência tem limites e seu amigo(a) veio do barro igualzinho a você, então não espere dele nada além de uma solidariedade "terrena") e para sua caixa de mensagem quando avisar:

- Olá Maria das Couves!

Caixa de Entrada 0.

Algumas mais simpáticas (a sua cara e personalizadas) lhe gritarão gentilmente:

Amore, você tem zero mensagens, sniff!!!!

Por favor não cante: "Meu mundo caiu e me fez ficar assim". Acredite, ele está inteirinho!

Respire fundo e sob hipótese alguma exponha seu "lado negro" da indignação, mantenha-o bem afastado do seu mundo virtual, pois a Net tem o feio hábito de devolver tudo corrigido, atualizado e deturpado. Help! Melhor ficar na sua, não é mesmo.

Registre! Desabafe! E se ainda assim achar que não valeu a pena, que tudo isto é falácia por falácia, então sente-se no escuro, feche os olhos, respire fundo e conte até mil, pode ser que resolva.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O que postei no yahoo-colunistas.

Postei em Dr. Alessandro Loiola . 17.06.10 - (As leis da persuasão)
Colunistas yahoo.
Dr. Alessandro discorria sobre as leis da persuação, ou seja,  alguns princípios que se seguidos ou aplicados, tornaria possível obter um resultado efetivo, ou melhor dizendo no seu contexto, o paciente em questão cumpriria à risca as prescrições médicas.
As tais leis enumeradas por ele são: Lógica, paixão e ética.

Abaixo o que eu penso sobre isto.
Vamos deixar de lado a lógica que muitas vezes não empresta lógica alguma ao nosso viver, ou se empresta, muitas vezes a ignoramos em nome de.... digo depois, prometo.
A ética com certeza daria panos para as mangas, horas para discussões, inúmeras opiniões, algumas simplórias e outras bem prolixas, mas sintetizando tudo em uma só palavra, temos

RESPEITO.Que a ele se atrelem os interesses próprios, os interesses de outrem, os interesses da maioria, minoria, enfim, que cada um puxe a brasa para a sua sardinha, que em tese é assim mesmo: um discurso, uma retórica e salve-se quem puder.
Por último, mas não necessariamente nesta ordem, apenas por capricho da minha escrita, a prodigiosa Paixão. Por ela, (retomo o início do meu texto) ignoramos muitas vezes a lógica e o sentido das coisas.

Lógica e sentido.
Se fossem uma dupla sertaneja, com certeza teriam alguns acordes desarmônicos, mas quem não os tem em um show ou outro? Então o que faz a diferença? O que faz uma brilhar mais do que a outra? O que afina nossas vidas harmoniosamente quando os acordes destoantes insistem em agredir tímpanos e sensibilidade?

O que nos faz acordar com esperanças renovadas e em tudo enxergar cores e luz?

O que nos motiva a mudar, a sonhar e até seguir um tratamento à risca?

Pobre de todos nós se na nossa árdua lida,
não fossemos agraciados pelo toque da Paixão.Um pequeno toque
e nossa vida ganha novo rumo,
nossas convicções arcaicas e ultrapassadas,
maleáveis ficam, se deixam moldar.

Um pequeno toque
e rejuvenescemos a olhos vistos.
Um pequeno toque,
e o amor e o respeito em desuso,
ou atrofiados no esquecimento, ganham movimento e leveza,
criam arte, nos dão novas cores.

Um pequeno toque
e as leis da persuasão, se resumem em uma básica, e a partir de... tudo pode ser possível.

Apaixone-se!
Por você,
pela vida,
pelo outro.
Se acha isto impossível de acontecer, se pensa que sua idade não permite tal desfrute, ou que tudo isto é balela, relaxe e permita que a Paixão te convença do contrário.

Minha vitamina diária.

"Nada de esplêndido jamais foi realizado, exceto por aqueles que ousaram acreditar que algo dentro deles era superior às circunstâncias." Bruce Barton

Ousei acreditar! Acreditando sonhei e percebi que este sonho poderia transpor o inconsciente e tornar-se uma realidade palpável.

Circunstâncias adversas tantas foram, no entanto, nenhuma delas sequer imaginou-se superior. A ousadia estava encerrada em mim e o esplêndido a alguns passos de acontecer.

Quem ousa e segue acreditando, toca no impossível!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hola Amigos!

Quero compartilhar um parágrafo do livro O Vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos, de Augusto Cury, cuja leitura recomendo.


"...- Sempre lhes disse que os fracos agridem, mas os fortes são tolerantes. Os fracos excluem, mas os fortes são pacientes. Agora lhes peço que não sejam tolerantes com seus fantasmas. Lutem com todas as forças contra tudo o que lhes pertuba a mente. Não há dois dominadores.

Ou vocês dominam suas preocupações ou elas os dominarão. Ou domesticam seus sentimentos de culpa ou eles os tornarão seus servos. Gritem, tenham acesso de raiva contra o humor triste, os pensamentos fixos, a alienação, a compulsão. Não há gigantes. Repartam suas batalhas com seus amigos. E se não as vencerem, procurem um especialista. A existência é preciosa demais para se confinar a um cárcere".
(p.180-181)


Meu Avessamente.

Avessamente se propõe como o nome já diz, colocar em sentido inverso, ao contrário, mostrar o oposto como principal, o lado direito, o reverso.

A meu ver nada mais verdadeiro ou sincero. O que se vê refletido no espelho não sou eu de fato e nem você. Não se julga um livro pela capa sabiamente dito foi, embora tenha algumas ressalvas. Seriam elas o avesso do dito?

Avessamente é mostrar as costuras internas tão bem camufladas, algumas bem feitas, outras nem tanto, mas tudo parte do conjunto, da roupagem e, sem as mesmas, o propositadamente escondido, nada haveria para ser visto.

Avessamente é a mente avessa, travessa, o discordar da massa, da homogeneidade, o não ser apenas mais um na multidão. É o pensamento destoante, não casado, porém meu e, com os seus direitos a reivindicar.

Avessamente meu espaço.

Seu.
Nosso.
O tão avessamente importante.

“Escrever é estar no extremo de si mesmo, quem está assim se exercendo nesta nudez, a mais nua que há, tem pudor de que outros vejam o que de esgar, de tiques, de gestos falhos, de pouco espetacular na torta visão de uma alma no pleno estertor de criar”. João Cabral de Melo Neto.

Percebe a verdade oculta no avesso?
Aventure-se avessamente.
Avessa mente, exponha-se!


CASUAL
Vitalina de Assis


De vez em quando, só de vez em quando
penso em rescrever o que escrito está
"Era uma vez..."
Volto ao presente no passado conjugado?

De vez em quando, só de vez em quando
acordo no meio da noite
pensando ser dia
que ironia, sem saber que dia

De vez em quando , só de vez em quando, please!
Mande sinais de fumaça
quero ler no vento ou na brisa
coisas de sua vida

De vez em quando
cato memória
vasculho passado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conto do hotel.



"[...] Depilada estava, cheirosa estava e seus pelos eriçados prenunciam um encontro e agora, seu desejo liberto a possui por completo. Entre suas roupas procura a que mais se ajusta, por baixo, a mais sensual, na pele um óleo afrodisíaco e no olhar, um fogo se faz notar. [....]"

Nuavi de Assis. (Vitalina de Assis)